Setembro Amarelo
Setembro Amarelo: quebrar o tabu social pode salvar vidas
Em nosso país, todos os anos são registrados cerca de 12 mil suicídios. Esse número chega a 01 milhão no mundo e cerca de 96,8% dos casos estavam relacionados a transtornos mentais. Entre as causas, a principal é a depressão, seguida de transtorno bipolar e abuso de substâncias.
Trabalhando no intuito de reduzir esses números, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo®. Mesmo tendo 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a campanha acontece durante o ano todo.
Para podermos quebrar o tabu social, a conscientização é fundamental. Entenda como começou, quais os fatores de risco e como agir para, juntos, salvarmos vidas!
Entenda como começou
A origem da data vem dos Estados Unidos, com a história de Mike Emme. Conhecido pela personalidade carinhosa e habilidades como mecânico, tendo como sua marca um Mustang ’68 que ele mesmo restaurou e pintou de amarelo. Porém, em 1994, com apenas dezessete anos, o jovem cometeu suicídio. Nem a família ou os amigos perceberam os sinais de que ele pretendia atentar contra a própria vida. No funeral, os amigos montaram uma cesta de cartões e fitas amarelas com a mensagem “Se precisar, peça ajuda”.
Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio e a cor amarela do Mustang de Mike foi escolhida para representar a campanha.
Outros fatores de risco
Além das principais causas que podem levar ao suicídio, como depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias, existem outros fatores de risco aos quais precisamos ficar atentos e termos os cuidados necessários.
São eles:
– Tentativa prévia de suicídio: pacientes que tentaram suicídio previamente têm cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente.
– Idade: os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem motivações complexas, incluindo humor depressivo, impulsividade, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais. O suicídio entre idosos também é elevado e os principais fatores são: perda de parentes, solidão, doenças degenerativas e/ou que causem dor, e a sensação de estar dando trabalho à família.
– Doenças clínicas não psiquiátricas: a taxa de suicídio é maior em pacientes com câncer, HIV, doenças neurológicas como esclerose múltipla, doença de Parkinson, epilepsia, entre outras doenças graves ou crônicas incapacitantes e que tenham um grande impacto emocional no indivíduo;
– Eventos adversos na infância e adolescência: maus-tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, entre outros fatores podem aumentar o risco de suicídio;
– Identidade de gênero: as taxas de suicídio, tentativa e ideação suicida entre jovens LGBTQ+ são maiores do que entre a juventude em geral. Geralmente acontece quando os jovens são rejeitados pelos pais, família e/ou pela sociedade;
É importante ressaltar que não necessariamente uma pessoa que passa por um desses conflitos irá tentar o suicídio. São situações que podem desencadear conflitos de ordem emocional e que necessitam de cuidados. Comportamentos suicidas dependem da história de vida do indivíduo, fatores estressores, presença de doença psiquiátrica, apoio familiar/social e recursos internos de enfrentamento. É uma questão complexa e de ordem multifatorial, sendo que o motivo desencadeador é único para cada um.
Tabu social
Diversos fatores podem impedir a identificação e o tratamento precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. Entre eles, o estigma e o tabu social atrelados ao assunto são aspectos importantes.
Erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para a formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida. Isso faz com que quem passa por isso se sinta envergonhado, excluído ou discriminado.
Ainda há muito medo ou vergonha em debater abertamente sobre o assunto. Por isso, lutar contra esse tabu é fundamental para que sejam feitos os devidos cuidados e a prevenção seja bem-sucedida.
Saiba identificar os sintomas e como ajudar
Os sintomas nem sempre são visíveis, mas há alguns sinais nos quais podemos prestar atenção.
Fique atento com os sinais verbais (frases como “queria sumir”; “não aguento mais”; “só queria dormir e não acordar nunca mais”) e leve-os muito a sério. Não seja passivo, é preciso uma escuta atenta para essas frases.
Sinais comportamentais como desinteresse com coisas que antes a pessoa gostava; alimentação (comer mais ou menos do que o usual); mudanças no sono, tendo insônia ou dormindo demais e agressividade podem ser um indício.
Ao identificar um sintoma, a primeira atitude é conversar de maneira empática, jamais julgando. Procure um lugar tranquilo onde ela possa falar sem pressa, respeitando seu tempo para se abrir. Um diálogo baseado no respeito e compreensão pode fazer a diferença
Lembre-se que o foco da conversa deve ser a outra pessoa. Não é recomendável falar muito sobre si mesmo, oferecer soluções simples para os problemas que a pessoa relatar ou desmerecer o que ela sente.
No caso de ela falar claramente ou parecer estar decidida quanto a tirar a própria vida, é primordial que ela não fique sozinha. Peça ajuda a familiares e/ou amigos mais próximos. Pode ser necessário que ela fique em um ambiente seguro, sendo auxiliada por um profissional.
É muito importante que a pessoa busque avaliação e acompanhamento psiquiátrico e psicológico caso apresente alterações de humor ou de comportamento importantes, ou ainda sinais de ideação suicida, sendo fundamental tal acompanhamento profissional para a melhor condução do caso.
Você também pode indicar os serviços oferecidos pelo CVV, que trabalha para promover o bem-estar das pessoas e prevenir o suicídio, em total sigilo, 24h por dia.
Conheça nossas ações como Grupo
Procuramos acolher nossos colaboradores e gestores, oferecendo suporte emocional e ajuda profissional. Além disso, divulgamos conteúdo em vídeo sobre saúde mental, apoio psicológico por 0800, plano de saúde e pequenas rodas de conversa, sempre com a presença de um profissional especializado.
Também criamos grupos terapêuticos com gestores de assistência e administrativo, além de treinamento no assunto para nossos gestores.
Dispomos de psicólogas especializadas e treinadas em nossos hospitais e em todas as nossas UTIs Neonatal. Por ser um momento delicado da gestação, parto e puerpério, elas estão prontas para estar ao lado e apoiar a mãe, o pai e os demais familiares, identificando e tratando conflitos de ordem emocional.
Estamos juntos nesse movimento!