Perda gestacional: dicas para familiares e amigos
A perda gestacional costuma ser muito dolorosa. Cada mulher tem uma experiência diferente, dependendo das circunstâncias de sua gravidez e do que este bebê significava em sua vida.
A perda pode ter ocorrido no início da gestação, no final ou pode ser mais uma dentro de uma sequência de perdas. A dor é muito particular, assim como as expectativas criadas sobre aquele bebê que não foram concretizadas.
De maneira geral, é comum que a mulher se sinta:
– Triste e chorosa: às vezes começa a chorar sem nenhum motivo óbvio;
– Chocada e confusa, especialmente se não havia nenhum sinal de alguma coisa errada;
– Paralisada: parece que não há nenhum sentimento;
– Com raiva, do que aconteceu, da equipe do hospital, de outras pessoas;
– Com inveja, especialmente ao ver outras mulheres e seus bebês;
– Culpada, pensando se pode ter sido a responsável pelo que aconteceu;
– Com um vazio: a sensação física da perda;
– Sozinha, especialmente se os outros não entendem;
– Em pânico ou fora de controle: sentindo-se incapaz de lidar com a vida cotidiana.
Familiares e amigos: como ajudar?
Para muitas pessoas, uma perda gestacional pode parecer menos importante do que uma perda depois que o filho nasceu. Subestimar a tristeza de uma mãe ou pai pela perda de um filho é cruel.
Para familiares e amigos, a primeira dica é: não subestime essa dor. Tenha uma atitude de respeito e empatia, permitindo que a pessoa viva este luto, sem apressá-lo.
A segunda dica é: não ignore o que aconteceu. Fale sobre o assunto, mesmo que tenha dificuldade em encontrar as palavras certas. Deixe que os pais saibam que você sente muito e que está lá para o que for preciso.
Você pode perguntar o que aconteceu, de forma direta, e mandar mensagens como: “Estou pensando em você” ou “Estou aqui para conversar, se você quiser”. Gestos simples que fazem toda a diferença. Se o bebê já tinha um nome, use-o quando se referir a ele. Ou, se não quiser usar as palavras, dê um abraço.
O que não fazer
- Não subestime a dor;
- Não ignore o assunto, como se nada tivesse acontecido;
- Não faça referências a futuras gravidezes, como “você ainda é nova, poderá ter outros filhos” ou “já estão tentando de novo?”;
- Não diminua o que aconteceu com frases tipo “pelo menos estava no começo da gravidez”;
- Não culpe a equipe ou a forma de parto escolhida, isso só agrava o sofrimento;
- Não apresse o luto, dizendo que os pais precisam superar logo a perda;
QUE NÃO DIZER | MELHOR DIZER |
“Como você está?” Provavelmente responderá “estou bem”, ao invés de se expressar genuinamente. | “Deve estar sendo muito difícil…” Reconhece o momento doloroso e dá a chance de a pessoa sofrer sem cobrança. |
“Ele está em um lugar melhor.” Não pode-se afirmar algo que não há certeza. | “Eu sinto muito!” |
“Você é jovem, pode ter outro filho.” Filhos são insubstituíveis. | “Fale sobre isso, se quiser.” Permita que a pessoa compartilhe memórias, sendo ouvinte ativo. |
“Eu sei o que você está sentindo!” A experiência do luto é absolutamente individual. |
“Posso imaginar o que você sente.” Dê a chance de a pessoa mesma dizer como se sente. |
“Você está lidando com isso melhor do que eu esperava.” Sua afirmação pode sugerir que ela deveria estar sofrendo mais. | “Está tudo bem se você não estiver bem.” Dê à pessoa a liberdade de se sentir como for. |
Fonte: Cartilha de Orientação ao Luto Parental, 2021. |
Para baixar nosso e-book clique aqui.